quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Discurso pronunciado por Sua Excelência o Presidente da República de Cabo Verde, Dr. Jorge Carlos de Almeida Fonseca, por ocasião do banquete oficial oferecido em sua Honra pelo Presidente da República de Angola, Sua Excelência Eng. José Eduardo dos Santos


Senhor Presidente da República de Angola, Excelência
Senhora Dra. Ana Paula dos Santos, Excelência
Senhor Vice – Presidente, Excelência
Senhores Membros do Governo de Angola, Excelências,
Senhor Ministro das Relações Exteriores da República de Cabo Verde, Excelência,
Senhor Chefe da Casa Civil, Excelência,
Altas Autoridades Angolanas, Excelências,
Senhoras e Senhores Deputados, Excelências,
Senhoras e Senhores Membros da delegação de Cabo Verde, Excelências,
Senhoras e Senhores Jornalistas,
Ilustres Convidados,
Minhas senhoras e meus senhores,

Por feliz coincidência, coube – me a honra e o privilégio de realizar esta minha primeira visita oficial à República de Angola nas vésperas do dia em que o Povo Angolano se prepara para festejar, com toda a legitimidade, mais um aniversário da sua Independência Nacional, facto que me leva, de imediato, a apresentar as mais vivas felicitações a esta grande Nação e ao seu valoroso Povo que, ano após ano, vem registando progressos assinaláveis na construção de uma Pátria livre e próspera, para todos os angolanos.

Ao agradecer o caloroso acolhimento reservado a mim e à delegação que me acompanha, nesta bela e emblemática Cidade de Luanda, as simpáticas palavras de boas vindas que nos foram dirigidas, gostaria, também, de solicitar a V. Excelência que transmitisse a todo o Povo Angolano o abraço amigo do Povo irmão das Ilhas de Cabo Verde.

Senhor Presidente,
Ilustres convidados,

As profundas relações existentes entre os nossos Povos inscrevem-se nos trilhos por vezes paradoxais que a História vai construindo, acabando, não raras vezes, por conduzir a resultados por vezes inesperados ou mesmo opostos aos preconizados por aqueles que se julgam ou julgavam condutores da História.

As raízes das relações entre Angola e Cabo Verde mergulham na lógica do sistema colonial que obrigou cabo-verdianos a demandarem terras angolanas.

É essa mesma lógica que, ao contribuir para o nascimento e desenvolvimento da sua antítese, as lutas de libertação nacional, veio dar início a relações que foram se solidificando ao do tempo, proporcionando-lhes uma qualidade nova, uma dimensão antes insuspeitada.

Paradoxalmente, foram nessas condições adversas que se forjaram os laços de amizade e de solidariedade que até hoje nos unem, malgrado a distância geográfica e o grande oceano que nos separa e apesar das nossas culturas e idiossincrasias próprias.

Se condições adversas nos colocaram, num mundo em ebulição permanente, nas mesmas trincheiras, lutando contra todos os obstáculos que à nossa emancipação completa se ofereceram, os caminhos que hoje juntos edificamos, resultam de opções claras, de propósitos firmes estribados em valores que nos são muito caros como a liberdade, a igualdade e a justiça.

É, pois, justo, que eu faça uma menção especial a duas figuras incontornáveis da história da libertação do nosso Continente e que percorreram o caminho que levou à consolidação dessa relação ímpar que perdura entre os nossos povos. Refiro – me a Agostinho Neto e a Amílcar Cabral. Dois valorosos combatentes, visionários, que tão bem souberam construir as bases para as relações de amizade e de cooperação hoje existentes entre Cabo – Verde e Angola.

Senhor Presidente,
Minhas Senhoras e meus Senhores,

No âmbito da política externa, é com agrado que se regista a convergência de posições em muitos dos dossiers candentes, tanto a nível internacional quanto continental e regional, o que propicia que os nossos agentes diplomáticos se concertem, com regularidade, sobre como melhor defender posições comuns nos fora internacionais, no seio dos PALOP, da UA, da CPLP, ou da ONU e suas agências especializadas.

Mais. Ambos defendemos, por exemplo, o primado da paz e do diálogo como meio privilegiado na resolução dos conflitos.

Por essa razão, preocupa-nos o que se está a acontecer em Moçambique, aproveitando esta ocasião para reiterar o nosso apelo à comunidade internacional e às partes envolvidas para que sejam procurados caminhos de diálogo susceptíveis de conduzir à paz, tão essencial aos anseios mais profundos dos moçambicanos.

No que respeita à Guiné Bissau, auguramos, para breve, a realização de eleições gerais o que, esperamos, possa contribuir para o regresso à normalidade constitucional nesse país.

Também nos preocupam, sobremaneira, o aumento da pirataria marítima no corredor do Atlântico Sul, os tráficos ilícitos, o crime organizado transnacional e o terrorismo, fenómenos contra os quais os nossos países estão firmemente empenhados, de modo a fazer prevalecer o respeito por princípios como os do estado de direito e o respeito pela legalidade internacional.

Senhor Presidente,
Excelências,

Apesar do contexto de crise económica e financeira internacional, é com satisfação que atesto que Angola continua na senda do progresso, apresentando taxas de crescimento assinaláveis em quase todos os sectores; esperamos assim continue para o bem do país e do seu Povo.

Manifesto, ainda, a minha satisfação por saber que a República de Angola ascenderá, brevemente, à categoria de País de Rendimento Médio, prelúdio do papel cada vez mais relevante que esta Nação será chamada a desempenhar na cena internacional.
Excelências, Minhas senhoras e meus senhores,

Como sabem, Cabo Verde foi, há bem pouco tempo, graduado a País de Rendimento Médio, facto que muito nos orgulha. Todavia, dado à fragilidade estrutural da sua economia, temos a consciência de que, nesta etapa, o país continuará a necessitar dos apoios dos países amigos e das Organizações internacionais, especialmente neste contexto de crise.

Senhor Presidente,
Excelências,
Caros amigos,

As relações políticas e diplomáticas entre Cabo Verde e Angola são excelentes.
Todavia, como costumo dizer, é sempre possível fazer mais e melhor. Acredito que temos todas as condições de impulsionar as nossas acções de cooperação em todos os sectores, com destaque para o empresarial, económico, financeiro, da ciência e a tecnologia, dos transportes.

Temos todas as condições para fazer com que a cooperação nessas áreas acompanhe a dinâmica que conhece a vertente político – diplomática dessa cooperação, quando sabemos que existem espaço, vontade política e um quadro jurídico institucional favorável à sua concretização. Temos, acredito firmemente, as condições para uma cooperação exemplar, verdadeiramente paradigmática, entre dois países do «Sul».

E necessitamos que elas se concretizem em benefício das nossas Nações e seus respectivos Povos.

Para esse efeito, posso assegurar a Vossa Excelência todo o apoio institucional e empenho e amizade pessoais do Presidente da República de Cabo Verde.

Senhor Presidente,

Ao agradecer o amável e honroso convite que se dignou me endereçar para visitar oficialmente o seu País, gostaria, nesta oportunidade, de expressar o meu desejo de também vos receber em Cabo Verde, numa visita de Estado, em data que melhor conviesse a V. Excelência, o que, a ocorrer, seguramente, representaria uma grande honra para o meu país e mais um sinal inequívoco da excelência que pretendemos atravesse o «território» das nossas relações globais.

É, pois, aguardando o vosso assentimento a uma visita a Cabo Verde e na certeza de que sucederá uma nova largada na nossa cooperação que gostaria de levantar o meu copo para brindar:

Primeiramente, à saúde de Vossa Excelência e de sua Digníssima Esposa Dra. Ana Paula dos Santos.

Igualmente, à saúde do Senhor Vice – Presidente e de sua Digníssima Esposa.
Saúdo, ainda, a todas as altas personalidades angolanas e cabo – verdianas que quiseram nos honrar com as suas presenças amigas nesta tarde.

Finalmente, Excelência, permita – me formular um desejo: que o cálice da felicidade, da prosperidade e da amizade entre os Povos de Angola e de Cabo Verde, transborde.

Viva Angola
Viva Cabo Verde
Viva a amizade angolano-cabo-verdiana!

Obrigado.

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