sexta-feira, 5 de abril de 2013

Discurso proferido por Sua Excelência o Presidente da República, por ocasião da Cerimónia de encerramento da 2ª Conferência Infanto-juvenil sobre o meio ambiente, Praia, 5 de Abril de 2013

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Minhas senhoras,

Meus senhores,
Caríssimos jovens,
Caros amigos, 

A problemática ambiental envolve, de entre outras, duas preocupações fundamentais: a questão do equilíbrio ecológico e a questão do legado para as gerações vindouras.

O Homem é um ser fortemente dependente de equilíbrios: do equilíbrio interno, do qual dependem a sua força de trabalho, a sua saúde física e mental, a sua vida; do equilíbrio externo, do qual dependem a sua alimentação, as suas condições de trabalho e a sua qualidade de vida. E, à semelhança do que acontece em relação ao nosso corpo, em que qualquer desequilíbrio - seja de origem mais externa, seja mais interna -, causa problemas graves no nosso estado de saúde no seu todo, a ausência de equilíbrio ecológico ameaça gravemente a cadeia alimentar dos animais, a salubridade do meio e a própria saúde do Homem.
Até aqui, falámos do presente.
Em relação ao futuro, as questões ainda são bem mais cruciais.
A exploração desenfreada da natureza; o rompimento dos necessários equilíbrios naturais; a erosão dos solos; a degradação das bacias hidrográficas, como o leito das ribeiras; a má utilização das encostas; o corte de árvores, sem que sejam plantadas outras em sua substituição; a falta de poda e manutenção de árvores frutíferas; a poluição das ribeiras, das nascentes e da atmosfera, constituem apenas uma pequena amostra de práticas inimigas do ambiente com consequências muito graves no presente e que põem também em causa o futuro do planeta que habitamos e, portanto, o futuro da humanidade.
Se dermos cabo do planeta, para onde irão viver as próximas gerações? Esta é uma questão inquietante, preocupante mesmo, mas que, infelizmente, parece não influenciar devidamente, de modo como deveria, os nossos comportamentos.
A minha geração parece ter acordado bastante tarde para a problemática do ambiente. Parece que se acreditava, e muita gente ainda acredita, que a Natureza é uma fonte inesgotável de recursos e isso não é verdadeiro.
Onde reside, então, a esperança da humanidade e do planeta Terra? Não sendo minha intenção atirar para os vossos jovens ombros tamanha responsabilidade, manda a verdade que diga que são vocês, sois a esperança do planeta e a salvação da humanidade.
Acredito que se a minha geração tivesse tido a oportunidade de, na vossa idade, saber o que sabe hoje, conhecesse as ameaças que caiem sobre o nosso bonito planeta azul, se tivesse um mínimo de informação acerca, por exemplo, do fenómeno do aquecimento global, talvez hoje agisse de outra forma. Talvez actuasse com maior responsabilidade. Quem sabe, talvez hoje tivéssemos maior respeito pela Natureza. E, hoje, quiçá tivéssemos a certeza de estar deixando um planeta habitável para os nossos filhos e netos.
Há que aceitar que foram cometidos muitos erros e há que aprender com os erros. Mas aceitar os erros aqui não pode ser um exercício apático ou desinteressado de se limitar a dar a mão à palmatória.
Nos meus tempos de criança aprendi que quando se comete um erro que lesa, que fere terceiros, mister se torna, não só aceitar que se errou e pedir perdão, como também mostrar arrependimento e, principalmente, manifestar firme propósito de melhoria.
Os erros cometidos em relação ao nosso meio ambiente exigem, também, não só que aceitemos a nossa culpa, como também o nosso arrependimento e, sobretudo, que manifestemos o propósito firme de mudar o nosso comportamento em relação ao nosso planeta.
A mim parece-me que a melhor forma de corrigirmos o nosso erro é nos predispormos a tudo fazer para que os nossos filhos e netos sejam – nesse e noutros capítulos – mais responsáveis do que nós fomos.
Podemos fazer isto, antes de mais, pelo nosso exemplo. Evitar a todo o custo qualquer recaída. Cultuar a Natureza, assumir uma atitude de franca defesa do nosso habitat e trabalhar, ombro a ombro, com os mais jovens no sentido de manter o planeta não apenas habitável, mas também propiciador de uma boa qualidade de vida.
Depois, podemos, também, inculcar nos mais jovens o respeito pela natureza, a responsabilidade pela preservação dos equilíbrios ambientais, a consciência de que os recursos naturais se esgotam e a ciência de que é possível, investir, produzir, ganhar dinheiro e, ainda assim, legar às gerações vindouras um habitat saudável.
É preciso dizer aos jovens, de modo muito franco, que o aquecimento global, que ameaça destruir o planeta, é consequência da ganância de uns tantos que, na sanha de obter riqueza, não pensam nas gerações vindouras;, é preciso dizer-lhes que se espera que sejam mais responsáveis que a minha geração e que não esperem pelos cabelos brancos para virem dizer “FOI MAL”.
Os jovens terão, deste modo, todas as informações e um quadro propício para uma intervenção de qualidade. Podem, desde já, ir para casa e exigir de pais, professores, irmãos, vizinhos e amigos um comportamento mais amigo do ambiente. Escusado será dizer que cada um de nós tem de assumir o papel de agente de mudança. Mudança de atitude, de postura e de comportamento, em relação à problemática ambiental.
Podem e devem aprofundar a questão, como parece que aprofundam e bem. Junto de pais e professores, no Google e em outros motores de busca. Aprender, aprender sempre. Nos livros, na internet, no quotidiano. Com os mais velhos, com os colegas e com os mais novos. O importante é ter um acervo de informações e competências que vos permita assumir o papel de agentes de mudança. Que sejam capazes de induzir comportamentos amigos do ambiente pela vossa acção, pelo vosso exemplo, pelo vosso saber.
Aquele de entre vós que optar pela política que tenha sempre presente que desenvolvimento sustentado deve, necessariamente, fazer casar crescimento económico com desenvolvimento social e preservação ambiental.
Aquele de entre vós que optar por ser um empresário agrícola ou na área do agro-negócio, agora muito na moda, que não se esqueça jamais que a natureza não deve ser explorada até à exaustão. Há que poupar a água, há que fazer descansar o solo, há que plantar árvores e há que cuidar delas.
Aqueles de entre vós que optarem pela indústria, que não se esqueçam nunca do que discutiram neste fórum, da nossa conversa e do que discutiram entre vós. Não se esqueçam que os recursos naturais são esgotáveis; que o ambiente exige esforços de preservação; que para fazer fortuna não se tem que destruir o planeta; que manter o nosso habitat intacto para as gerações vindouras é nosso dever e a forma de salvação do nosso planeta. Enfim, façam o melhor e não o que nós fizemos até aqui.
As questões ambientais sempre me preocuparam e é por isso que, há cerca de vinte e poucos anos, participei da célebre cimeira da Terra que teve lugar no Rio de Janeiro e ainda o ano passado, a convite do Governo brasileiro, tive a honra de participar da Cimeira «Rio mais vinte» que teve por objectivo comemorar os vinte anos daquele evento e redefinir políticas globais para o ambiente com resultados e que acho satisfatório os bons que acho não satisfatório
Meus amigos,
Mas, se é facto que as consequências do desequilíbrio são globais, não podemos ignorar que cada país tem as suas fragilidades e responsabilidades muito grandes, que temos sempre de ter em consideração.
Devido à seca, à erosão do solo e falta de cuidados das pessoas, temos, no nosso país, grandes problemas ambientais, o que exige cuidados redobrados e permanentes nas relações que estabelecemos com a natureza, particularmente com a terra.
Por razões de ordem diversa, assistimos à apanha de areia em muitas das nossas praias, o que provoca a destruição das praias e a salinização do solo, comprometendo mesmo um dos sectores mais importantes para a subsistência das populações, a agricultura.
O facto de sermos ilhas coloca-nos numa situação muito difícil relativamente à subida do nível do mar, como consequência do aquecimento global.
Como cidadãos deste país, mas também do mundo, temos a obrigação de cuidar de uma importante riqueza, da fauna marinha, que a natureza nos confiou, de que são exemplo espécies de tartarugas em vias de extinção e que procuram as nossas praias para se reproduzirem.
Assim, é necessário termos conhecimentos sobre as questões relacionadas com o equilíbrio ambiental porque eles são decisivos, essenciais para que o nosso comportamento possa estar à altura das nossas responsabilidades.
Mas, devemos ter a pretensão de ir ainda mais longe: além de estudar, integrar e participar das entidades que, em permanência, promovem a defesa do equilíbrio ambiental e que lutam para que as actividades económicas e sociais não sejam factores de agressão ambiental.
Tenham sempre presente que, assim como o nosso corpo, a Natureza precisa de manter os necessários equilíbrios. Para não mergulhar e para poder continuar, ao longo do tempo, a disponibilizar tudo de que a Humanidade necessita para se alimentar, viver e se reproduzir.
Vocês viverão melhor e vossos filhos e netos agradecer-vos-ão.
MUITO OBRIGADO.
MUITO  BOA TARDE.


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