segunda-feira, 11 de junho de 2012

Discurso proferido por Sua Excelência o Presidente da República de Cabo Verde, na Câmara Municipal de Lisboa, por ocasião da sua Visita de Estado a Portugal, Salão Nobre da Câmara Municipal de Lisboa, 11 de Junho de 2012


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Sua Excelência Senhor Presidente da Câmara Municipal de Lisboa,
Sua Excelência Senhor Presidente da Assembleia Municipal da CML,
Senhores Vereadores,
Senhores Eleitos Municipais,
Minhas Senhoras,
Meus Senhores,

É com elevada honra e grande orgulho que recebo das mãos de V.E., senhor Presidente, as chaves da Cidade de Lisboa. Gesto grandioso não apenas pelo seu simbolismo intrínseco mas principalmente pelo seu destinatário, que é - nem mais, nem menos - o representante eleito da Nação cabo-verdiana. A bela Ulissipo, que alberga no seu seio uma grande comunidade de cabo-verdianos, prestou hoje, através deste acto, um grande tributo às cabo-verdianas e cabo-verdianos que escolheram esta bela cidade para trabalhar, estudar e residir.

Os cabo-verdianos ainda antes de cá terem chegado já sabiam, pela voz do trovador, que atrás da linha do horizonte, para lá do espaço em que há apenas mar e céu, estava Lisboa. Aliás, a Cidade de Lisboa e o Rio Tejo não aparecem apenas na morna TRÁS DI HORIZONTE, imortalizada pela voz de Mário de Mello. B Léza, Xavier da Cruz, nosso imortal bardo, e tantos outros, entoaram verdadeiros hinos ao amor quando cantaram Lisboa e o Tejo.

A ligação dos cabo-verdianos com Lisboa e com Portugal sempre foi uma relação de afecto. Amílcar Cabral, o teórico da luta anti-colonial e antigo membro da Casa dos Estudantes do Império, deixou sempre claro que uma coisa era o regime que combatia e coisa completamente diferente o povo que era vítima da mesma opressão que cobria de opróbrio os cidadãos das possessões ocupadas. Mais: considerava o povo português como parceiro, aliado privilegiado na luta pela liberdade, contra a opressão.

E nem é por acaso que Portugal é o primeiro país estrangeiro que visito depois de assumir as funções de Presidente da República de Cabo Verde. A opção é ditada pela afectividade da relação entre os dois povos, pela excelência das relações entre os dois Estados e pela intrincada rede de laços históricos que seguem nos aproximando, desde a longínqua madrugada do dia de S. Tiago Menor de 1460, quando os navegadores portugueses aportaram à ilha que baptizaram com o nome do Santo. São mais de quinhentos anos de história, temperados por uma língua comum e que se traduzem em uma grande aproximação cultural. Comer um cozido à portuguesa ou bom prato de bacalhau na Cidade da Praia é quase tão natural, como degustar uma bela cachupa ou apreciar um bom grogue de cana-de-açúcar em Lisboa.

A independência de Cabo Verde bordejou, por variadas formas, espaços, gentes e mistérios de Lisboa; a democracia cabo-verdiana medrou seguramente em Lisboa. Bom número de quadros, empresários e dirigentes políticos cabo-verdianos foram caldeados em Universidades e outros estabelecimentos de ensino desta cidade de Lisboa; professores portugueses actuando em Cabo Verde e professores de origem cabo-verdiana leccionando em Portugal; um número considerável de quadros e empresários de origem cabo-verdiana actuando em Portugal e nesta cidade de Lisboa e um bom número de empresas e empresários portugueses laborando em Cabo Verde ou mantendo participação accionista de vulto nas maiores empresas cabo-verdianas; técnicos e artífices dos dois países contribuindo para o progresso e o desenvolvimento das comunidades que os acolheram; tudo isso junto constitui um pequeno sinal da vitalidade do relacionamento entre os nossos dois povos. Nunca a Cidade da Praia e a Cidade de Lisboa estiveram tão próximos! Não já apenas por serem as Capitais políticas de Cabo Verde e de Portugal, mas porque optaram por se tornarem ainda mais próximas, somando afinidades e avançando para uma geminação que tão bons frutos tem dado.

As palavras amáveis que aqui escutei, em relação à minha pessoa e à Nação que represento, não as esquecerei jamais. Esta cidade - que já foi minha escola, minha residência e meu local de trabalho – ficou cada vez mais entranhada em mim, mercê das palavras e dos gestos com que fui recebido, desta feita, na qualidade de representante da Nação cabo-verdiana.

Agradeço, em meu nome e no do povo cabo-verdiano, a forma calorosa e fraterna como fomos aqui recebidos e aproveito a oportunidade para registar, aqui e agora, que Cabo Verde - seu Governo, aqui representado pelo MIREX, e seu povo - continuará apostando no reforço das relações com Portugal, que, conquanto excelentes, podem ainda vir a conhecer momentos de apoteose.

Muito obrigado.

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