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Sua Excelência Senhor Presidente da
Câmara Municipal de Lisboa,
Sua Excelência Senhor Presidente da
Assembleia Municipal da CML,
Senhores Vereadores,
Senhores Eleitos Municipais,
Minhas Senhoras,
Meus Senhores,
É com elevada honra e grande orgulho que
recebo das mãos de V.E., senhor Presidente, as chaves da Cidade de Lisboa.
Gesto grandioso não apenas pelo seu simbolismo intrínseco mas principalmente
pelo seu destinatário, que é - nem mais, nem menos - o representante eleito da
Nação cabo-verdiana. A bela Ulissipo, que alberga no seu seio uma grande
comunidade de cabo-verdianos, prestou hoje, através deste acto, um grande
tributo às cabo-verdianas e cabo-verdianos que escolheram esta bela cidade para
trabalhar, estudar e residir.
A ligação dos cabo-verdianos com Lisboa
e com Portugal sempre foi uma relação de afecto. Amílcar Cabral, o teórico da
luta anti-colonial e antigo membro da Casa dos Estudantes do Império, deixou
sempre claro que uma coisa era o regime que combatia e coisa completamente
diferente o povo que era vítima da mesma opressão que cobria de opróbrio os
cidadãos das possessões ocupadas. Mais: considerava o povo português como
parceiro, aliado privilegiado na luta pela liberdade, contra a opressão.
E nem é por acaso que Portugal é o
primeiro país estrangeiro que visito depois de assumir as funções de Presidente
da República de Cabo Verde. A opção é ditada pela afectividade da relação entre
os dois povos, pela excelência das relações entre os dois Estados e pela
intrincada rede de laços históricos que seguem nos aproximando, desde a
longínqua madrugada do dia de S. Tiago Menor de 1460, quando os navegadores
portugueses aportaram à ilha que baptizaram com o nome do Santo. São mais de
quinhentos anos de história, temperados por uma língua comum e que se traduzem
em uma grande aproximação cultural. Comer um cozido à portuguesa ou bom prato
de bacalhau na Cidade da Praia é quase tão natural, como degustar uma bela
cachupa ou apreciar um bom grogue de cana-de-açúcar em Lisboa.
A independência de Cabo Verde bordejou,
por variadas formas, espaços, gentes e mistérios de Lisboa; a democracia
cabo-verdiana medrou seguramente em Lisboa. Bom número de quadros, empresários
e dirigentes políticos cabo-verdianos foram caldeados em Universidades e outros
estabelecimentos de ensino desta cidade de Lisboa; professores portugueses
actuando em Cabo Verde e professores de origem cabo-verdiana leccionando em
Portugal; um número considerável de quadros e empresários de origem
cabo-verdiana actuando em Portugal e nesta cidade de Lisboa e um bom número de
empresas e empresários portugueses laborando em Cabo Verde ou mantendo
participação accionista de vulto nas maiores empresas cabo-verdianas; técnicos
e artífices dos dois países contribuindo para o progresso e o desenvolvimento
das comunidades que os acolheram; tudo isso junto constitui um pequeno sinal da
vitalidade do relacionamento entre os nossos dois povos. Nunca a Cidade da
Praia e a Cidade de Lisboa estiveram tão próximos! Não já apenas por serem as
Capitais políticas de Cabo Verde e de Portugal, mas porque optaram por se
tornarem ainda mais próximas, somando afinidades e avançando para uma geminação
que tão bons frutos tem dado.
As palavras amáveis que aqui escutei, em
relação à minha pessoa e à Nação que represento, não as esquecerei jamais. Esta
cidade - que já foi minha escola, minha residência e meu local de trabalho –
ficou cada vez mais entranhada em mim, mercê das palavras e dos gestos com que
fui recebido, desta feita, na qualidade de representante da Nação
cabo-verdiana.
Agradeço, em meu nome e no do povo
cabo-verdiano, a forma calorosa e fraterna como fomos aqui recebidos e
aproveito a oportunidade para registar, aqui e agora, que Cabo Verde - seu
Governo, aqui representado pelo MIREX, e seu povo - continuará apostando no
reforço das relações com Portugal, que, conquanto excelentes, podem ainda vir a
conhecer momentos de apoteose.
Muito obrigado.
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