Excelentíssimo Senhor Primeiro-ministro,
Excelentíssimos Senhores membros do Governo,
Receber os votos de Boas Festas do Governo de Cabo Verde,
muito me honra, e, simbolicamente, traduz o que em outro momento defendi: a
possibilidade da partilha do espaço público fundada numa ética da
responsabilidade e da competência, mas também da lealdade e do afecto.
Espero que neste ano que agora se inicia
continuemos a trabalhar com lealdade institucional e respeito mútuo pelas
funções que a cada um deve caber no sentido do aprimoramento do estado de
direito democrático e da construção de um país moderno, avançado e competitivo.
Terminámos o ano de 2011 com um conjunto
importante de problemas por resolver, alguns já devidamente assentes na agenda
das autoridades, mas que, nem por isso, deixam de preocupar o espírito dos
cabo-verdianos e devem continuar a merecer a atenção e o empenho conjunto dos
responsáveis da governação e do Estado neste novo ano.
A crise que grassa pelo mundo afora, a
excessiva dependência externa, o desemprego, a morosidade da justiça, e a perda
de valores na nossa sociedade e o
desenvolvimento da delinquência que recrudesceu no ano que ora finda, são
situações que continuarão a reclamar a nossa atenção em 2012.
Confiando na determinação, criatividade
e ambição de que a Nação cabo-verdiana já deu provas bastantes; acreditando na
capacidade e nas manifestações de prudência do Governo a que V.E. dá corpo ,
quero, contudo, aconselhar o recurso a comunicações francas para cabal
informação da real situação do país, de modo a se tornar mais célere o
engajamento de todos, de todos, repito, no esforço de resistência e
ultrapassagem da crise.
Somos um país vulnerável e frágil.
Quando o mundo entra em convulsão, qualquer que seja a razão, somos sempre
afectados. Mas, como já tive oportunidade de referir noutros momentos, a fibra
de um povo vem à tona nos momentos mais difíceis
Numa altura como esta, é preciso
explanar toda a verdade dos factos, por mais duras que sejam;
É hora de se pôr as cartas na mesa e
desafiar todos e cada um a assumir as suas responsabilidades perante a actual
conjuntura.
Pessoalmente, não tenho dúvidas que é
bem mais fácil mobilizar os cidadãos para o esforço colectivo de resistência à
crise e de aproveitamento das oportunidades que surgirem quando estes estão na
posse de todas as informações sobre a real situação do país. Quando é assim Muito
mais rapidamente se disponibilizam para integrar os esforços que, sob a
liderança do Governo da República, estão sendo desenvolvidos para resistir à
crise.
Estou ciente de que os grandes problemas
que vamos enfrentar em 2012 não se resolvem de uma assentada. Sei
perfeitamente, que as raízes das nossas dificuldades são profundas e que
desenterra-las requer tempo, paciência e muita determinação dos vários agentes
políticos e sociais.
Os grandes problemas de fundo só se
resolvem com a cooperação da sociedade civil e política, que devem ser chamadas
a participar. Ao Governo compete criar espaços apropriados de diálogo e
concertação, para que a participação seja real e focalizada na resolução dos
problemas básicos que entravam o nosso progresso.
Com isso, não se defende nem a
homogeneização dos programas dos partidos políticos, nem tampouco a eliminação
das diferenças de abordagem das questões. As diferenças são salutares e
constituem o sal da democracia. O que se espera é que se aposte sempre nas
pessoas que representamos (e de quem somos a voz audível), na sobrevivência da
Nação e no desenvolvimento do país. Considero, pois, que um esforço sério de
aproximação deve ser feito em matérias de alto interesse nacional, cuja
abordagem no curto prazo tem implicações a muito longo prazo e que, por isso,
requerem, também, uma abordagem nacional, direccionada para o interesse
nacional, de todos os cidadãos.
Algumas áreas que, entendo, devem ser
objecto de concertação política e envolvimento da sociedade civil neste novo
ano, pelas suas consequências entre nós, são as do combate à violência e à
insegurança; igualmente, o combate à corrupção, a defesa da família e dos valores
de uma sociedade democrática e tolerante são áreas prioritárias do esforço
colectivo.
Espero, pois, que, perante a actual
conjuntura, as negociações que se impuserem sejam feitas na base do interesse
nacional, pensando sempre no país e no bem-estar das suas gentes.
Nesse sentido, ofereço-me, com lealdade,
para cooperar com todos os actores políticos, especialmente com o Governo, para
que , no ano que acaba de começar, todos sejamos capazes de dar passos
significativos no sentido construção de um país desenvolvido, capaz de oferecer
a todos os seus cidadãos a oportunidade de realização pessoal que almejam no
fundo de si próprios.
Agradeço penhoradamente os votos que me
foram formulados e auguro ao Excelentíssimo Senhor Primeiro Ministro, a todos
os Membros do Governo e respectivas famílias que o ano de 2012 seja repleto de felicidades
nas esferas política, pessoal e familiar.
Obrigada.
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