Dia Internacional dos idosos |
O Dia
Internacional do Idoso representa, certamente, a celebração da vida. Estar e
conviver com pessoas – sejam familiares, vizinhos ou conhecidos – que muito já viveram
e muito têm para presentear no circuito permanente de renovação que é a vida, é
um benefício da história e sintetiza, em si, um conjunto importante de avanços
alcançados pela humanidade; é, sem dúvida, uma espécie de símbolo do progresso humano.
O número de
pessoas idosas está, felizmente, a elevar-se no mundo todo; muito mais do que o
de qualquer outra faixa etária. Conforme
o Relatório do Fundo de População das Nações Unidas,
lançado há precisamente um ano, “no mundo todo, a
cada segundo 2 pessoas celebram seu sexagésimo aniversário – em um total anual
de quase 58 milhões de aniversários de 60 anos. Uma em cada 9 pessoas no mundo
tem 60 anos de idade ou mais, e estima-se um crescimento para 1 em cada 5 por
volta de 2050: o envelhecimento da população é um fenómeno que já não pode mais
ser ignorado”.
Todavia, apesar
de conhecida e reconhecida a importância que os idosos vêm assumindo nas
sociedades actuais, inclusive na nossa, - onde já contribuem com sensivelmente
8% da população total e têm assumido papel basilar no seio
familiar, tanto ao nível material como moral, exercendo influência central,
muitas vezes em substituição dos pais biológicos -, são inúmeros
os desafios que se põem a esta faixa etária, de forma particularmente acentuada
em tempos de dificuldade, como o tempo presente.
A
assumida importância dos idosos na sociedade cabo-verdiana e o facto de terem sido
introduzidas melhorias importantes em termos de políticas para esta faixa
etária, nomeadamente com a aprovação da Carta de Política para a Terceira Idade,
não suprimem a realidade de muitos dos nossos
velhos que vivem em condições que precisam ser em muito melhoradas. Vivem
com carência de rendimento; experimentam uma grande ausência de práticas e
serviços de atendimento diferenciado; enfrentam um défice de infra-estruturas
direccionadas a que gozem de autonomia e bem-estar; sofrem com o progressivo
enfraquecimento de laços familiares, ficando alguns mesmo em situação de
desamparo e solidão.
Assim, no Dia
Internacional do Idoso, aproveito a oportunidade para instar as entidades governamentais
e seus parceiros a uma acção mais concertada no domínio da assistência à
terceira idade e ao processo de envelhecimento, no seu todo, de modo a que
reforcemos os progressos feitos até aqui e cientes de que, apesar do feito,
muito mais necessita ser feito e que devemos estar cada vez mais preparados
para as mudanças demográficas anunciadas. As nossas acções,
neste sentido, devem estar amparadas por projecções de longo prazo, por uma
ética política e social solidária e justa e por claros exercícios
económico-financeiros.
Clamo à Família e
comunidades que tudo façam de modo a dignificar as pessoas idosas, assegurando
condições de sua participação social activa, defendendo sua liberdade,
autonomia e bem-estar e criando formas agradáveis de viver esta fase da vida.
A todos os idosos, nas
ilhas e na emigração, presto, hoje, deste modo, uma singela homenagem pela
perseverança perante a vida, às vezes difícil, e pela contribuição ao nosso
país.
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