quarta-feira, 5 de junho de 2013

Mensagem de S.E. o Presidente da República, Dr. Jorge Carlos de Almeida Fonseca, por ocasião do dia 5 de Junho, Dia Mundial do Ambiente. Praia, 05 de Junho de 2013



Assinala-se hoje o dia mundial do ambiente, efeméride que procura chamar a atenção para uma das maiores ameaças que paira sobre o planeta que é a progressiva ruptura do equilíbrio ambiental.

Habitação natural de todos os animais, o ambiente tem sido alvo, da parte do homem, de agressões constantes, perigosas e, por vezes, com consequências irreversíveis e potencialmente catastróficas para a sua própria sobrevivência.


Esta situação resulta da constante e intensa pressão que o crescimento demográfico exerce sobre os meios necessários à sobrevivência e bem-estar das pessoas, mas, fundamentalmente, do modo como a produção e apropriação desses meios é feita.

Em realidade, a preocupação com a forma predatória como são utilizados os produtos da natureza é relativamente recente.

Isto é, não obstante insistentes alertas de ambientalistas, apenas quando se começou a confirmar que doenças mortais ou incapacitantes derivadas, em grande parte da relação com o meio, aumentam sem cessar, que determinadas espécies extinguiram-se enquanto a lista das que correm esse risco cresce progressivamente e que a própria sobrevivência humana enfrenta desafios muito sérios, soou o alarme.

Esse despertar teve a virtude de intensificar a consciência ecológica mundial. As posições dos estudiosos passaram a ser mais conhecidas, a sociedade civil organizou-se, com vigor, em torno das questões ambientais e, em muitos países, assumiu mesmo a forma de partido politico.   

Os sinais de alarme têm-se sucedido, as organizações internacionais, nomeadamente a ONU, têm-se desdobrado em estudos, recomendações e propostas de intervenção. Mas há que reconhecer que os resultados estão muito aquém da gravidade da situação, tendo-se mesmo registado algum retrocesso por exemplo, no ano de 2009, na Dinamarca, não se conseguiu actualizar o Protocolo de Quioto, que incidia sobre o aquecimento global e que expirava em 2012.

A Conferencia Rio+20, realizada no Rio de Janeiro, pela ONU e pelo Governo brasileiro, no mês de Junho de 2012, para assinalar os vinte anos da Cimeira da Terra, também sediada nessa cidade significou avanços significativos na esfera da economia verde mas não avançou o suficiente em outras áreas.

Infelizmente, e em última análise, o relativo impasse explica-se pela grande resistência de interesses económicos em aceitar os sacrifícios necessários à grande reconversão dos modos de produção e distribuição de bens e serviços que o equilíbrio ambiental exige.
Cabo Verde, - que enfrenta sérios problemas locais decorrentes da seca, erosão, pressão do homem sobre o ambiente, baixa consciência ecológica -, é muito vulnerável, também, a alterações globais como as resultantes do aquecimento do planeta e consequente elevação do nível do mar.

Problemas diversos relacionados com as necessidades energéticas, a poluição ambiental, a protecção de espécies em extinção - nomeadamente as tartarugas marinhas -, o saneamento do meio, o impacto ambiental de determinados empreendimentos, a extracção de inertes, continuam a exigir intervenção mais sistemática e articulada que garanta o desenvolvimento com equilíbrio ecológico.

De referir que a perspectiva de optimização do nosso potencial em energia renovável é de extrema importância, pelo que entendo que ela deve ser acarinhada e aprofundada de modo a que possamos beneficiar dos grandes avanços tecnológicos nessa área com benefício real para todo o país. 
Há que reconhecer que um esforço importante vem sendo desenvolvido no sentido do reforço da consciência ecológica, particularmente nas escolas, assumindo os professores um protagonismo que apraz-me registar e enaltecer.

Os ambientalistas cabo-verdianos, organizados em associações, têm assumido o papel de autêntica consciência crítica da sociedade, desenvolvendo estudos, realizando formações, desenvolvendo projectos e fazendo denúncias de situações atentatórias ao equilíbrio ambiental.  

São, talvez, das vozes mais autónomas da nossa sociedade, exercendo, na prática a cidadania em toda a plenitude. A essas mulheres e homens que assumem de corpo e alma que a nossa terra é a nossa casa, exprimo, neste dia simbólico, enquanto Chefe de Estado e Representante da Nação Cabo Verdiana, o meu profundo reconhecimento pela sua inestimável contribuição para a construção de um Cabo Verde em sintonia com o seu ambiente.     

Façamos todos da nossa Terra a nossa casa.

Façamos de Cabo Verde um país em sintonia com a sua gente e o seu ambiente.

Praia, 05 de Junho de 2013

JCF

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