Assinala-se hoje o dia mundial do
ambiente, efeméride que procura chamar a atenção para uma das maiores ameaças
que paira sobre o planeta que é a progressiva ruptura do equilíbrio ambiental.
Habitação natural de todos os animais, o
ambiente tem sido alvo, da parte do homem, de agressões constantes, perigosas e,
por vezes, com consequências irreversíveis e potencialmente catastróficas para
a sua própria sobrevivência.
Esta situação resulta da constante e
intensa pressão que o crescimento demográfico exerce sobre os meios necessários
à sobrevivência e bem-estar das pessoas, mas, fundamentalmente, do modo como a
produção e apropriação desses meios é feita.
Em realidade, a preocupação com a forma
predatória como são utilizados os produtos da natureza é relativamente recente.
Isto é, não obstante insistentes alertas
de ambientalistas, apenas quando se começou a confirmar que doenças mortais ou
incapacitantes derivadas, em grande parte da relação com o meio, aumentam sem
cessar, que determinadas espécies extinguiram-se enquanto a lista das que
correm esse risco cresce progressivamente e que a própria sobrevivência humana
enfrenta desafios muito sérios, soou o alarme.
Esse despertar teve a virtude de
intensificar a consciência ecológica mundial. As posições dos estudiosos
passaram a ser mais conhecidas, a sociedade civil organizou-se, com vigor, em torno
das questões ambientais e, em muitos países, assumiu mesmo a forma de partido
politico.
Os sinais de alarme têm-se sucedido, as
organizações internacionais, nomeadamente a ONU, têm-se desdobrado em estudos,
recomendações e propostas de intervenção. Mas há que reconhecer que os
resultados estão muito aquém da gravidade da situação, tendo-se mesmo registado
algum retrocesso por exemplo, no ano de 2009, na Dinamarca, não se conseguiu actualizar
o Protocolo de Quioto, que incidia sobre o aquecimento global e que expirava em
2012.
A Conferencia Rio+20, realizada no Rio
de Janeiro, pela ONU e pelo Governo brasileiro, no mês de Junho de 2012, para
assinalar os vinte anos da Cimeira da Terra, também sediada nessa cidade
significou avanços significativos na esfera da economia verde mas não avançou o
suficiente em outras áreas.
Infelizmente, e em última análise, o
relativo impasse explica-se pela grande resistência de interesses económicos em
aceitar os sacrifícios necessários à grande reconversão dos modos de produção e
distribuição de bens e serviços que o equilíbrio ambiental exige.
Cabo Verde, - que enfrenta sérios
problemas locais decorrentes da seca, erosão, pressão do homem sobre o ambiente,
baixa consciência ecológica -, é muito vulnerável, também, a alterações globais
como as resultantes do aquecimento do planeta e consequente elevação do nível
do mar.
Problemas diversos relacionados com as
necessidades energéticas, a poluição ambiental, a protecção de espécies em
extinção - nomeadamente as tartarugas marinhas -, o saneamento do meio, o
impacto ambiental de determinados empreendimentos, a extracção de inertes,
continuam a exigir intervenção mais sistemática e articulada que garanta o
desenvolvimento com equilíbrio ecológico.
De referir que a perspectiva de
optimização do nosso potencial em energia renovável é de extrema importância,
pelo que entendo que ela deve ser acarinhada e aprofundada de modo a que
possamos beneficiar dos grandes avanços tecnológicos nessa área com benefício real
para todo o país.
Há que reconhecer que um esforço
importante vem sendo desenvolvido no sentido do reforço da consciência
ecológica, particularmente nas escolas, assumindo os professores um
protagonismo que apraz-me registar e enaltecer.
Os ambientalistas cabo-verdianos,
organizados em associações, têm assumido o papel de autêntica consciência
crítica da sociedade, desenvolvendo estudos, realizando formações, desenvolvendo
projectos e fazendo denúncias de situações atentatórias ao equilíbrio
ambiental.
São, talvez, das vozes mais autónomas da
nossa sociedade, exercendo, na prática a cidadania em toda a plenitude. A essas
mulheres e homens que assumem de corpo e alma que a nossa terra é a nossa casa,
exprimo, neste dia simbólico, enquanto Chefe de Estado e Representante da Nação
Cabo Verdiana, o meu profundo reconhecimento pela sua inestimável contribuição para
a construção de um Cabo Verde em sintonia com o seu ambiente.
Façamos todos da nossa Terra a nossa
casa.
Façamos de Cabo Verde um país em
sintonia com a sua gente e o seu ambiente.
Praia, 05 de Junho de 2013
JCF
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