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Dia
27 de Março, dia da Mulher cabo-verdiana
No
dia de hoje, mais do que nunca, todas as atenções voltam-se para as mulheres do
nosso país que, muito mais do que embelezar, criam e recriam a nossa terra no dia-a-dia.
Felizmente,
este dia nunca foi apenas de festa e de
celebração mas, também, e, sobretudo, de reivindicação, reflexão e de estudo.
E, é indiscutível que se verificaram avanços no que respeita ao reconhecimento
da importância da mulher na nossa sociedade, da independência aos nossos dias.
Mas, se conquistas foram alcançadas, é também muito claro que, em aspectos essenciais, a marginalização da mulher é ainda uma realidade gritante e - o que é muito mais grave - permanecem, a vários níveis, relevantes mecanismos que reproduzem e tendem a perpetuar uma tal marginalização.
De facto, ao nível
económico e social, muitos são os processos que, subtil ou explicitamente,
confluem e até parece que conspiram para que a subalternização da mulher se
mantenha.
Sabemos que esses
processos estão enraizados na história e na cultura cabo-verdianas, mas temos
igual consciência de que eles não serão apenas fatalidades. São instrumentos
concretos de um sistema social estruturado para manter a subalternização das
mulheres, limitando a sua liberdade e restringindo, também, a liberdade dos
homens, uma vez que, como se sabe, quem aceita situações de opressão jamais
poderá ser livre.
A compreensão histórica e cultural do processo de
subalternização das mulheres, como tenho insistido, tem todo o sentido como
instrumento a ser utilizado para suprimir esse mal que aprisiona a nossa
sociedade e jamais no sentido contrário, como justificação ou desculpa para
perenizar o statu quo.
No fundo, trata-se de
assumir a máxima segundo a qual se as pessoas são produto das circunstâncias,
há que estruturar, humanamente, estas circunstâncias.
É extremamente positivo
o facto de, ao mesmo tempo que no dia de hoje a mulher cabo-verdiana canta e é
cantada, ela e muitos companheiros seus aprofundarem a reflexão sobre o seu
papel nos centros de decisão política, a sua participação nas lides económicas
e sociais do país, para que aspectos centrais da sua especificidade, como o seu
relevante papel na reprodução e a sua condição de esteio da família, sejam
elementos fundamentais na organização da sociedade cabo-verdiana.
Na organização da
sociedade cabo-verdiana e na definição de políticas públicas, a estruturação do
sector produtivo, as necessidades de manutenção da ordem, a estruturação da
educação e da saúde são alguns dos elementos fundamentais e que condicionam
vários outros.
Acreditamos que tomar
em devida conta, não apenas ao nível discursivo ou através de medidas pontuais,
a circunstância de necessidades sociais essenciais serem assumidas por uma
parcela da população que é maioritária, determinante, mas, paradoxalmente,
subalternizada, é a única via para que a igualde e equidade de género sejam
muito mais do que propósitos nobres e generosos.
Neste dia da Mulher
cabo-verdiana saudamos, efusiva, fraternal e carinhosamente, todas as
cabo-verdianas que, em Cabo Verde e nos quatro cantos do mundo, juntamente com
outras mulheres, contribuem para que a nossa terra e o mundo sejam, de facto,
espaços onde a felicidade e a poesia se confundem com a Vida.
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