Exmo. Sr.
Presidente da Camara Municipal dos Mosteiros,
Exmos. Senhores
Eleitos Municipais,
Exmos.
Autoridades Civis, Militares e Religiosas,
Minhas Senhoras e
meus senhores,
População de Mosteiros
Caros amigos,
Primeiramente
queria, de forma, muito sincera, agradecer as generosas palavras que me foram
dirigidas pelo presidente da camara municipal, e que se inscrevem no fraternal
acolhimento desta terra de que tanto eu como os meus colaboradores têm vindo a
beneficiar desde a nossa chegada.
É com grande prazer que me dirijo aos
representantes deste concelho que muito tem contribuído para o desenvolvimento
e engrandecimento da ilha do vulcão. Os contactos que agora inicio nesta
parcela do fogo irão seguramente, como tem acontecido nos outros concelhos da
ilha e da região, proporcionar-me elementos fundamentais para um melhor
conhecimento da realidade local, dos programas em curso, dos obstáculos e
potencialidades, bem como dos esforços em marcha para os ultrapassar.
A aprendizagem
tem sido a pedra de toque dos encontros que tive até agora, com os profundos
conhecedores da realidade local, com gente simples e humilde mas ciente dos
caminhos a serem percorridos, o que tem cimentado a minha convicção de que os
problemas não são poucos mas as possibilidades e a vontade firme de os
enfrentar são uma realidade bem papável.
Apesar do seu
grande potencial agrícola e na área de pecuária, mosteiros, em algumas áreas,
exibe indicadores muito importantes, mas, também, figura entre os concelhos
mais pobres do país. Aliás, uma constante no fogo e no país. É a convivência de
situações consideradas boas com outras muito precárias, situação que reflecte
um aspecto de grande importância para o nosso desenvolvimento, qual seja a
existência de grandes desigualdades sociais.
Um dos desafios
mais importantes de cabo verde é a promoção de um processo de desenvolvimento
que não reproduza e nem aprofunde as desigualdades sociais. Infelizmente esta
não tem sido a nossa realidade. Ao mesmo tempo que o país cresce o fosso que
separa os mais ricos dos que pouco ou nada têm tem aumentado.
Cabo verde, de
acordo com dados das nações unidas, é o país mais desigual da cplp depois de
angola e brasil. Ora esta questão tem de merecer a máxima atenção, uma vez que
sabemos que a manutenção e aprofundamento desse fosso significa o agravamento
da injustiça social e o comprometimento da paz social.
Minhas senhoras
e meus senhores, caros amigos,
Há pouco mais de
um mês o país iniciou uma nova era em termos de relacionamento politica, caracterizado
pelo facto de pela primeira vez o governo e o presidente não serem originários
da mesma área politica.
Como sabeis o
povo decidiu que a gestão política do país passasse a contar com uma relação de
chamada coabitação. Trata-se de uma realidade completamente nova entre nós, mas
como assinalei, prenhe de possibilidades: um governo que emana de resultados
claros de eleições legislativas e um presidente também legitimado por
expressivo voto popular. O facto, normal em democracia, de serem originários de
áreas politicas diferentes, longe de representar uma limitação, pode, desde que
bem compreendido, aceite e aproveitado, constituir uma grande vantagem pois
permite que a realidade possa ser encarada de prismas diferentes e por isso de
forma mais rica.
Ainda que esta
nova realidade tenha muto pouco tempo de existência, que a experiencia seja
muito recente e por isso seja muito cedo para se fazer qualquer balanço,
acredito firmemente nas suas potencialidades e que creio que, se bem
potenciadas, poderão ser uma mais valia para todos.
No que me diz
respeito, confesso que estes primeiros tempos têm sido de uma aprendizagem
muito positiva, e têm contribuído para reforçar a convicção de que esta é uma
via a ser plenamente explorada.
Tudo continuarei
a fazer para que esta relação seja a mais proveitosa possível para o país e
para os cabo-verdianos.
Hoje, um pouco
por todo lado, estamos confrontados com problemas novos que muitas vezes
assumem a forma de contestação violenta, por vezes gratuita, e que colocam em
risco a estabilidade social. A complexidade destes fenómenos desafia a nossa
compreensão num mundo globalizado e em transformação muito acelerada.
Mas não podem
existir quaisquer dúvidas de que um dos elementos que contribui poderosamente
para essa realidade que frequentemente exibe um rosto de grande violência, são
para além das dificuldades sociais, o sentimento de injustiça e de exclusão.
Não será difícil
entender que, para além de outros factores, o sentimento de não pertença, de
ser afastado do grupo que mais tem (do grupo que é visto como tendo tudo ou
quase tudo) é um poderoso fermento para condutas inadequadas e mesmo
anti-sociais.
Entendemos que
diversos outros factores contribuem para esta complexa realidade não os pode
ignorar, devemos considerá-los muito sériamente aquando do equacionamento dos
problemas do desenvolvimento.
É fundamental
que o processo de desenvolvimento tenha um rosto humano, que ele sirva e seja
sentido pelas pessoas, com algo que lhes pertence e que de facto são elas são
os seus destinatários últimos.
Trata-se de uma
questão de justiça, coesão e estabilidade social. Sabendo que grande parte dos
problemas que enfrentamos tem a sua raiz nas desigualdades sociais, o processo
de desenvolvimento tem de ser concebido como um instrumento de minimização e
combate a tal realidade.
Exmo. Sr.
Presidente da amara,
Minhas senhoras
e meus senhores,
as actividades económicas e o intercâmbio de
pessoas deste concelho, a exemplo dos outros que integram a ilha, são interdependentes
e estão condicionados por factores muito importantes como sejam os transportes,
a comunicação e a energia.
As comunicações
têm conhecido assinalável progresso nos tempos mais recentes, nomeadamente
através da instalação da fibra óptica e a rede rodoviária vai sendo
desenvolvida.
Espera-se que os
transportes marítimos ganhem novo alento nos tempos mais próximos.
Como um pouco
por todo o lado, a problemática da energia continua a ser um sério obstáculo a
vencer. Na realidade sem a resolução desta importante questão, nomeadamente
através da construção de uma central única, o processo de desenvolvimento
ficará seriamente comprometido.
Exmo. Sr.
Presidente da Camara Municipal,
Exmo. Sr.
Presidente da Assembleia Municipal,
Minhas senhoras
e meus senhores,
Tenho absoluta
consciência de que os tempos actuais não se apresentam fáceis. Por todo lado a
palavra mais ouvida é crise. Mas nem sempre no sentido de que as crises também
podem ser a prefiguração de importantes mudanças qualitativas mas como sinónimo
de grandes dificuldades.
Uma economia
como a nossa ainda bastante dependente do exterior é necessariamente afectada
negativamente pela actual conjuntura. Como temos referido as consequências nos
investimentos e no emprego tanto dos cabo-verdianos residentes como dos emigrados
serão são importantes, com repercussões na vida das famílias.
Esta realidade
não pode fazer com que se perca a perspectiva de futuro. O desenvolvimento com
justiça social terá de ser um imperativo cujo ritmo poderá naturalmente ser
afectado por conjunturas menos favoráveis, mas que nunca devem ser abandonadas
sob pena de estarmos sempre condenados a recomeços permanentes.
Como sabeis não
cabe ao presidente conceber e efectivar políticas públicas nas diferentes áreas
de actividade. Esta incumbência é da responsabilidade do governo legítimo do
país que, através do seu programa, procura encontrar as melhores soluções para
os problemas de todos.
Ao presidente
cabe avaliar, apoiar, incentivar, criticar ou aplaudir as soluções preconizadas
e, sempre que possível, apontar caminhos que possam ser os mais apropriados aos
interesses do país.
Para que esse
papel possa ser adequadamente assumido, o presidente não pode ater-se apenas
aos seus conceitos e ideias. Para além destes, tem de ouvir e ponderar os
diferentes argumentos do governo mas sobretudo auscultar a sociedade.
E enquanto
presidente da república comprometo-me a envidar todos os esforços no sentido de
apoiar com toda a energia no quadro das minhas atribuições, o processo de
desenvolvimento dos mosteiros, no quadro do desenvolvimento integrado e
solidário da região em que se integra.
Minhas senhoras
e meus senhores,
A visita que
estou a efectuar à região e que amanhã chega ao fim não se esgota em si mesma.
Encaro-a como o início de um processo de diálogo constante, de contacto
permanente com vista à catalisação de esforços com vista ao desenvolvimento
enquanto instrumento de construção do bem-estar das pessoas.
Agradeço
profundamente o carinho e o calor com que as gentes de mosteiros e do fogo me
têm brindado e prometo solenemente retribuir essa morabeza com empenho cada vez
maior na solução dos seus problemas.
Não posso deixar
de exprimir todo o meu apreço pelo acolhimento que as autoridades municipais
deste concelho, com destaque para o seu presidente, e dos concelhos e s. Filipe
e de santa catarina do fogo me reservaram e pelo clima de cooperação
institucional que demonstraram e que interpreto como prelúdio de uma
colaboração permanente e frutuosa em benefício das gentes desta ilha.
À comunicação
social que tem feito o seu melhor, em condições nem sempre favoráveis, para levar
a todo o país ecos desta visita ao cabo verde real, os meus sinceros
agradecimentos.
Muito obrigado a
todos.
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