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Meus senhores,
Caríssimos jovens,
Caros amigos,
A problemática ambiental envolve, de entre outras,
duas preocupações fundamentais: a questão do equilíbrio ecológico e a questão
do legado para as gerações vindouras.
O Homem é um ser fortemente dependente de equilíbrios: do equilíbrio interno, do qual dependem a sua força de trabalho, a sua saúde física e mental, a sua vida; do equilíbrio externo, do qual dependem a sua alimentação, as suas condições de trabalho e a sua qualidade de vida. E, à semelhança do que acontece em relação ao nosso corpo, em que qualquer desequilíbrio - seja de origem mais externa, seja mais interna -, causa problemas graves no nosso estado de saúde no seu todo, a ausência de equilíbrio ecológico ameaça gravemente a cadeia alimentar dos animais, a salubridade do meio e a própria saúde do Homem.
Até aqui, falámos do presente.
Em relação ao futuro, as questões ainda são bem mais
cruciais.
A exploração desenfreada da natureza; o rompimento
dos necessários equilíbrios naturais; a erosão dos solos; a degradação das
bacias hidrográficas, como o leito das ribeiras; a má utilização das encostas;
o corte de árvores, sem que sejam plantadas outras em sua substituição; a falta
de poda e manutenção de árvores frutíferas; a poluição das ribeiras, das
nascentes e da atmosfera, constituem apenas uma pequena amostra de práticas
inimigas do ambiente com consequências muito graves no presente e que põem
também em causa o futuro do planeta que habitamos e, portanto, o futuro da
humanidade.
Se dermos cabo do planeta, para onde irão viver as
próximas gerações? Esta é uma questão inquietante, preocupante mesmo, mas que,
infelizmente, parece não influenciar devidamente, de modo como deveria, os
nossos comportamentos.
A minha geração parece ter acordado bastante tarde
para a problemática do ambiente. Parece que se acreditava, e muita gente ainda
acredita, que a Natureza é uma fonte inesgotável de recursos e isso não é
verdadeiro.
Onde reside, então, a esperança da humanidade e do
planeta Terra? Não sendo minha intenção atirar para os vossos jovens ombros
tamanha responsabilidade, manda a verdade que diga que são vocês, sois a
esperança do planeta e a salvação da humanidade.
Acredito que se a minha geração tivesse tido a
oportunidade de, na vossa idade, saber o que sabe hoje, conhecesse as ameaças
que caiem sobre o nosso bonito planeta azul, se tivesse um mínimo de informação
acerca, por exemplo, do fenómeno do aquecimento global, talvez hoje agisse de
outra forma. Talvez actuasse com maior responsabilidade. Quem sabe, talvez hoje
tivéssemos maior respeito pela Natureza. E, hoje, quiçá tivéssemos a certeza de
estar deixando um planeta habitável para os nossos filhos e netos.
Há que aceitar que foram cometidos muitos erros e há
que aprender com os erros. Mas aceitar os erros aqui não pode ser um exercício
apático ou desinteressado de se limitar a dar a mão à palmatória.
Nos meus tempos de criança aprendi que quando se
comete um erro que lesa, que fere terceiros, mister se torna, não só aceitar
que se errou e pedir perdão, como também mostrar arrependimento e,
principalmente, manifestar firme propósito de melhoria.
Os erros cometidos em relação ao nosso meio ambiente
exigem, também, não só que aceitemos a nossa culpa, como também o nosso
arrependimento e, sobretudo, que manifestemos o propósito firme de mudar o
nosso comportamento em relação ao nosso planeta.
A mim parece-me que a melhor forma de corrigirmos o
nosso erro é nos predispormos a tudo fazer para que os nossos filhos e netos
sejam – nesse e noutros capítulos – mais responsáveis do que nós fomos.
Podemos fazer isto, antes de mais, pelo nosso
exemplo. Evitar a todo o custo qualquer recaída. Cultuar a Natureza, assumir
uma atitude de franca defesa do nosso habitat
e trabalhar, ombro a ombro, com os mais jovens no sentido de manter o planeta
não apenas habitável, mas também propiciador de uma boa qualidade de vida.
Depois, podemos, também, inculcar nos mais jovens o
respeito pela natureza, a responsabilidade pela preservação dos equilíbrios ambientais,
a consciência de que os recursos naturais se esgotam e a ciência de que é
possível, investir, produzir, ganhar dinheiro e, ainda assim, legar às gerações
vindouras um habitat saudável.
É preciso dizer aos jovens, de modo muito franco,
que o aquecimento global, que ameaça destruir o planeta, é consequência da
ganância de uns tantos que, na sanha de obter riqueza, não pensam nas gerações
vindouras;, é preciso dizer-lhes que se espera que sejam mais responsáveis que
a minha geração e que não esperem pelos cabelos brancos para virem dizer “FOI MAL”.
Os jovens terão, deste modo, todas as informações e
um quadro propício para uma intervenção de qualidade. Podem, desde já, ir para
casa e exigir de pais, professores, irmãos, vizinhos e amigos um comportamento
mais amigo do ambiente. Escusado será dizer que cada um de nós tem de assumir o
papel de agente de mudança. Mudança de atitude, de postura e de comportamento,
em relação à problemática ambiental.
Podem e devem aprofundar a questão, como parece que aprofundam
e bem. Junto de pais e professores, no Google
e em outros motores de busca. Aprender, aprender sempre. Nos livros, na internet, no quotidiano. Com os mais
velhos, com os colegas e com os mais novos. O importante é ter um acervo de
informações e competências que vos permita assumir o papel de agentes de
mudança. Que sejam capazes de induzir comportamentos amigos do ambiente pela
vossa acção, pelo vosso exemplo, pelo vosso saber.
Aquele de entre vós que optar pela política que
tenha sempre presente que desenvolvimento sustentado deve, necessariamente,
fazer casar crescimento económico com desenvolvimento social e preservação
ambiental.
Aquele de entre vós que optar por ser um empresário
agrícola ou na área do agro-negócio, agora muito na moda, que não se esqueça
jamais que a natureza não deve ser explorada até à exaustão. Há que poupar a
água, há que fazer descansar o solo, há que plantar árvores e há que cuidar
delas.
Aqueles de entre vós que optarem pela indústria, que
não se esqueçam nunca do que discutiram neste fórum, da nossa conversa e do que
discutiram entre vós. Não se esqueçam que os recursos naturais são esgotáveis;
que o ambiente exige esforços de preservação; que para fazer fortuna não se tem
que destruir o planeta; que manter o nosso habitat
intacto para as gerações vindouras é nosso dever e a forma de salvação do
nosso planeta. Enfim, façam o melhor e não o que nós fizemos até aqui.
As questões ambientais sempre me preocuparam e é por
isso que, há cerca de vinte e poucos anos, participei da célebre cimeira da
Terra que teve lugar no Rio de Janeiro e ainda o ano passado, a convite do
Governo brasileiro, tive a honra de participar da Cimeira «Rio mais vinte» que teve por objectivo comemorar os vinte anos
daquele evento e redefinir políticas globais para o ambiente com resultados e
que acho satisfatório os bons que acho não satisfatório
Meus amigos,
Mas, se é facto que as consequências do
desequilíbrio são globais, não podemos ignorar que cada país tem as suas
fragilidades e responsabilidades muito grandes, que temos sempre de ter em
consideração.
Devido à seca, à erosão do solo e falta de cuidados
das pessoas, temos, no nosso país, grandes problemas ambientais, o que exige
cuidados redobrados e permanentes nas relações que estabelecemos com a
natureza, particularmente com a terra.
Por razões de ordem diversa, assistimos à apanha de
areia em muitas das nossas praias, o que provoca a destruição das praias e a
salinização do solo, comprometendo mesmo um dos sectores mais importantes para a
subsistência das populações, a agricultura.
O facto de sermos ilhas coloca-nos numa situação
muito difícil relativamente à subida do nível do mar, como consequência do
aquecimento global.
Como cidadãos deste país, mas também do mundo, temos
a obrigação de cuidar de uma importante riqueza, da fauna marinha, que a
natureza nos confiou, de que são exemplo espécies de tartarugas em vias de
extinção e que procuram as nossas praias para se reproduzirem.
Assim, é necessário termos conhecimentos sobre as
questões relacionadas com o equilíbrio ambiental porque eles são decisivos, essenciais
para que o nosso comportamento possa estar à altura das nossas
responsabilidades.
Mas, devemos ter a pretensão de ir ainda mais longe:
além de estudar, integrar e participar das entidades que, em permanência,
promovem a defesa do equilíbrio ambiental e que lutam para que as actividades
económicas e sociais não sejam factores de agressão ambiental.
Tenham sempre presente que, assim como o nosso
corpo, a Natureza precisa de manter os necessários equilíbrios. Para não
mergulhar e para poder continuar, ao longo do tempo, a disponibilizar tudo de
que a Humanidade necessita para se alimentar, viver e se reproduzir.
Vocês viverão melhor e vossos filhos e netos
agradecer-vos-ão.
MUITO
OBRIGADO.
MUITO BOA TARDE.
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