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Excelentíssimo
Senhor Presidente da CM de São Domingos
Excelentíssimo
Senhor Presidente da Assembleia Municipal
Excelentíssimos
Senhores Eleitos Municipais
Caros Munícipes
Caros jornalistas
Minhas senhoras e meus
Senhores
Caros Amigos
Começo por
agradecer as referências amáveis feitas à minha pessoa, recebendo-as como um
estímulo para continuar a assumir, de modo integral, as competências e
obrigações que me foram atribuídas ao ser eleito Presidente da República em
Setembro de 2011.
As palavras
seguintes vão para as gentes deste Município que continuam a lutar para fazer
deste idílico pedaço de Santiago um espaço onde se possa viver com alguma
qualidade de vida e por onde, para o visitante, seja sempre um prazer
percorrer.
Estando nós no
início do vigésimo ano posterior àquele em que as freguesias de São Nicolau
Tolentino e Nossa Senhora da Luz foram separadas do Concelho da Praia e
erigidas em Concelho, com a designação de CONCELHO DE SÃO DOMINGOS, as
comemorações de mais um Dia do Município não podem deixar de ser aproveitadas
para balanço do que foram os desafios vencidos neste intervalo de tempo e para
projecção dos tempos vindouros.
Balanço que não
pode deixar sem resposta questões como:
- A RESOLUÇÃO DOS
PROBLEMAS DO TERRITÓRIO E DE SUAS GENTES NESTE NOVO FIGURINO DEU MELHORES
FRUTOS DO QUE QUANDO MAIS NÃO ERAM DO QUE DUAS FREGUESIAS MAIS DO CONCELHO DA
PRAIA?
- VALEU A PENA A
DESCENTRALIZAÇÃO DE PODER E RECURSOS PARA RESOLUÇÃO LOCAL DOS PROBLEMAS DAS
COMUNIDADES?
E projecção que não
pode calar outras duas questões:
- HAVERÁ MAIS
QUESTÕES QUE PODERÃO SER RESOLVIDAS LOCALMENTE E DE FORMA MAIS ECONÓMICA E
EFICAZ?
- HAVERÁ ASPECTOS
QUE TALVEZ SEJA MAIS RACIONAL E EFICAZ TRATAR DE FORMA INTEGRADA COM OUTROS
ESPAÇOS DA ILHA?
Não será aqui, nem
agora, que estas questões vão ser respondidas. Mas peço-vos que reflictam sobre
elas. O desenvolvimento do Município e a qualidade de vida dos munícipes exigem
que esta reflexão seja feita, de forma franca e sem quaisquer complexos.
Senhor
Presidente,
Senhores
Eleitos,
Caros
Munícipes,
O futuro
deste município será tão mais próspero quanto mais próximos estiverem os
centros de decisão, quanto mais as questões locais passarem a ser avaliadas e
resolvidas localmente, quanto maior for a plataforma de entendimento entre
eleitos e eleitores, quanto mais as relações entre o executivo municipal e os
munícipes se aproximar da relação provedor de serviços/cliente, no mais nobre
sentido dos termos.
Compreendemos
que o futuro do município será também tributário do nível de integração do
planeamento deste território com os territórios limítrofes. O Município de São
Domingos não é uma ilha isolada. Faz parte de um todo no qual se podem conjugar
sinergias, somar complementaridades, cooperar, dar e receber vantagens. Seja se
integrando na sua subregião originária, que é a Área Metropolitana da Grande
Praia, seja na sua região natural, que é a Ilha de Santiago, o Município
entraria em um interessante Quadro de Planeamento e Distribuição de Funções,
onde poderá realizar, da melhor forma, sua vocação e suas potencialidades.
Mas, da mesma forma que incentivo os munícipes e seus eleitos a trabalhar no sentido de terem Santiago a planear o seu desenvolvimento de modo integrado, no que for do interesse de toda a ilha; com a mesma convicção com que vos estimulo a trabalhar no sentido de se ter São Domingos a equacionar e resolver, localmente, os problemas que afectam o município; assim também apelo ao engajamento no sentido de as freguesias de São Nicolau Tolentino e de Nossa de Senhora da Luz passarem, também, a resolver localmente as demandas das suas populações, de forma a que a resolução das mesmas fique a cargo de quem melhor conheça cada uma das freguesias e suas gentes. As propostas e as sugestões que aqui vos apresento não diferem, em nada, daquelas que devem estar em cima da mesa, no debate sobrea descentralização, e tendo sempre como pano de fundo a transferência das decisões para onde possam ser mais céleres e, sobretudo, mais eficazes e mais efectivas.
Na foz onde for desaguar este debate inadiável, germinará uma nova relação
de poder que deverá conduzir a uma maior participação dos municípios nos
recursos do Estado e dos munícipes nos recursos que lhe são destinados. Será
imperioso que se dê o salto dos actuais, e manifestamente insuficientes, 10%
das receitas do Estado para algo bem mais substancial, do mesmo modo que se
deverá avançar no domínio da participação e fiscalização, pelo cidadão, das políticas públicas, de modo
a prevenir e a dificultar tentações de abuso de poder e de decisões baseadas em
motivações privadas ou ilegítimas.
Afinal, o Estado
realiza-se nas comunidades. E a melhoria da qualidade de vida nacional resulta
da melhoria substancial da qualidade de vida nas comunidades e do que se
conseguir conquistar em termos de qualidade de vida para todos os
cabo-verdianos.
Acredito que ainda
estamos em condições de conciliar as necessidades de desenvolvimento com a
inclusão social. E é esta preocupação de garantir a apropriação por parte das
pessoas dos rendimentos gerados pelo processo de desenvolvimento que deverá
nortear o debate aberto e despreconceituado sobrea descentralização e o seu
aprofundamento.
Minhas Senhoras e
Meus Senhores,
Rui Vaz, Água de
Gato, Lém Pereira, João Garrido, Tenda e Colégio, Banana e Caiumbra, Milho
Branco, Praia Formosa e Praia Baixo, presentes da natureza dos quais importará
tirar vantagens. A recuperação das bacias hidrográficas, a conservação das
encostas e o tratamento das praias deste concelho, devem ser encarados como
investimentos capazes de dar frutos tão interessantes como a criação de postos
de trabalho, a subsistência alimentar, a atracção de turistas. Mas, nessa
transformação, mister se torna a preservação do ambiente e a salvaguarda do habitat para as gerações vindouras.
Insisto na preservação do ambiente e no legado de um habitat saudável às gerações vindouras, não só por me parecerem ser
factores críticos deste recanto favorecido pela natureza, mas porque é, também,
um pressuposto iniludível do desenvolvimento sustentado.
Caros Munícipes,
A inauguração,
ontem, da Escola de Música DONA MENDI ORU NOBU é, a um tempo, uma homenagem a
figuras incontornáveis da cultura de S. Domingos, de Santiago e de Cabo Verde,
e a manifestação da preocupação em manter a tradição de uma região farta em
músicos, repentistas e estudiosos.
Se Codé di DONA,
Mano MENDI, ‘Ntoni Denti d’ORO e Ano NOBU são artistas que dificilmente seriam
esquecidos, por mil anos que passem, estão agora solenizados e aplaudidos com a
felicíssima ideia de os imortalizar na designação da bem-vinda Escola de
Música.
Com ela se poderá
continuar a tradição.
Depois de Codé di
Dona, de Mano Mendi, de Denti d’Oro e de Ano Nobu, de ‘Ntoni e de Nhonhozinho
Soares, de Mulongo e de Nhô Paxinho, ainda assim em São Domingos haverá muito mais que «‘nbatxi i boka ratu».
Os «meninos de Anu Nobo», os demais
munícipes e seus eleitos misturaram a pujança cultural que o Município traz no
seu bojo com a vontade aprender de jovens, dos 8 aos 80, abrindo a escola que
irá contribuir em muito para a elevação da auto-estima dos locais e para o
estímulo à criatividade, à produção e à competitividade em um aspecto em que
estão completamente à vontade.
Há pouco mais de um
ano, na primeira visita que fiz ao Município, tinha-vos lançado um repto que
consistia em dar a devida atenção ao combate da violência neste município,
tendo em conta a sua localização na confluência entre o rural e o urbano, nesta
ilha de Santiago, vanguardista em boas práticas e em comportamentos importados,
algumas vezes anti-sociais.
Na altura,
encontrava-se à frente do Município uma outra equipa executiva. Mas o repto
mantém-se inalterado: todos, munícipes e autoridades, devem posicionar-se
perante um grande desafio que é o de prevenir e combater a violência e a
criminalidade patentes nos grandes centros urbanos, já em níveis deveras
preocupantes.
Minhas
senhoras, meus senhores,
A minha
participação nas comemorações do Dia do Município de São Domingos e do 19º
aniversário da promoção das freguesias de São Nicolau Tolentino e Nossa Senhora
da Luz a Concelho tinha como escopo confraternizar com o povo de uma das mais
simpáticas comunidades de Santiago. Uma comunidade que faz lembrar, com alguma
saudade, os deliciosos churrascos de frango caseiro, temperados ao molho de
manteiga-de-terra e malagueta; os quentinhos pastéis de milho com recheio de
atum e muita malagueta; os solos do cavaquinho de Quim; as finações de Denti
d’Oro; o friozinho que desce de Rui Vaz; o peixe fresco da Praia Baixo.
Importa
que essas pequenas coisas sejam preservadas, a par da paz social e do
desenvolvimento. Por isso, abusei deste momento de festejos para vos sugerir
algumas reflexões.
Antes
de terminar, gostaria de vos deixar uma palavra de encorajamento para ajudar a
enfrentar um ano que – ninguém disso pode duvidar - poderá ser um tanto ou
quanto complicado. Juntem a vossa coragem e a vossa criatividade ao vosso
espírito de iniciativa e posicionem-se para tirar o melhor partido do que
estiver disponível. Da melhor forma que soubermos e pudermos, contornando as
ameaças e aproveitando as oportunidades.
Se
conseguirem manter o município aprazível, produtivo e intacto; se conseguirem
barrar a violência gratuita; se continuarem a apostar forte na educação e na
formação da vossa prole; se continuarem a investir no artesanato e na
agricultura; se se derem as mãos e trabalharem, com criatividade, na criação de
condições para atrair um segmento de turismo com carácter especial, então terão
feito a vossa parte. Terão contribuído para driblar a crise e para avançar rumo
ao desenvolvimento.
Termino
fazendo votos de sucessos no grande desafio que é, viver, crescer e se
desenvolver, sem comprometer o futuro.
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